Gosto muito de política, mesmo
muito. E no entanto, posso ter muitos defeitos, mas não sou uma pessoa monotemática, gosto de
outras coisas. Quando olho para trás, penso que sobretudo queria fazer
parte da vibração que chegava daquele canto, participar da inteligência da pequena nuvem de pessoas que à
segunda-feira almoçavam todas juntas, no único dia que estavam presencialmente
na redação. Eu queria não ter redação para estar sempre numa redação.
Quando pergunto a um americano
como é o seu trabalho, a resposta é muito previsível: “It’s a lot of fun!”. Eu também
queria isso e só agora começo a achar que é legítimo.
John F. Harris e Jim VandeHei deixaram
o Washington Post para fundar em 2007 o Politico, uma publicação online, ainda
impressa em papel, só em DC, para os congressistas com cabelos brancos. O rigor
da imprensa tradicional juntou-se à especialização, rapidez e ‘frescura’ dos
novos media. O modelo
dá pistas, mas não é exatamente exportável. Há muito dinheiro, todo vindo da publicidade
e de serviços só para subscritores muito bem pagos, porque o público alvo é uma
elite de políticos e gente do ‘lobbying’ de DC. O Politico é feito todos os
dias, sem horas de fecho, por 230 jornalistas. Sim, 230.
Na conversa em que
participou John Harris e outros jornalistas, discutiram-se coisas muito sérias e complexas, mas o que impressionou todos os não iniciados foi a energia daquelas pessoas. No final, a pergunta de um dos que nunca desceu o poço: Como é que conseguiram criar essa cultura apaixonada?
Apeteceu-me responder por eles. E
quando ao longo da tarde me foram perguntando pelas diferenças, que são tantas e tão elaboradas,
eu só conseguia responder: é a mesma paixão.
Adeus, Washington.
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