quarta-feira, 13 de março de 2013

the bigger picture

 
O género é central. As raparigas não vão à escola apenas porque são pobres, mas porque são raparigas. A ideia foi repetida ontem à noite no Teatro Bricolage numa discussão sobre a educação das raparigas a propósito da estreia do filme “Girl Raising”, nove histórias de nove meninas que vivem em nove países diferentes. Vimos o segmento da Índia e o Haiti e o tom pareceu-me condescendente e quase ligeiro, mas a conversa foi muito boa.
 
Hoje acordei com neve e um encontro com uma responsável da Heinz Endowments (sim, o ketchup), uma fundação que é um dos pilares da filantropia de Pittsburgh. A instituição tem uma ‘task force’ para a educação de rapazes e homens afroamericanos e ao saber disso antecipei. Também porque conheço a determinação das raparigas em ambientes adversos, sei o que elas fazem com uma quantidade às vezes residual de coisas a seu favor, tendo acesso à educação.
Aqui, os melhores resultados escolares são obtidos por raparigas brancas, o segundo lugar é disputado pelos rapazes brancos e as raparigas afroamericanas e muito depois, muito mais abaixo, surgem os rapazes afroamericanos. Não é sempre assim ao longo do caminho, diz-me a responsável pelos programas de liderença para rapazes e homens afroamericanos. Nos primeiros anos, eles levantam tanto o braço na aula como elas.
A Heinz Endowments estudou a perceção dos homens afroamericanos nos media de Pittsburgh. São notícia pelo desporto e quando praticam crimes. Não se pode ser o que não se vê, dizem-me. E agora é tentar imaginar o que significa ver um presidente afroamericano.
Os rapazes afroamericanos sofrem maior pressão dos pares e têm menos opções de identidade. A imagem das opções expandiu-se, mas eles ainda aspiram sobretudo ser 'rappers' e desportistas. A educação raramente é o bilhete. Pedem-lhes que sejam fortes. E eles sucumbem.
Às vezes, é preciso estar mais perto para ver o grande plano.




 


 

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