O género é central. As raparigas
não vão à escola apenas porque são pobres, mas porque são raparigas. A ideia
foi repetida ontem à noite no Teatro Bricolage numa discussão sobre a educação das
raparigas a propósito da estreia do filme “Girl Raising”, nove histórias de
nove meninas que vivem em nove países diferentes. Vimos o segmento da Índia e o
Haiti e o tom pareceu-me condescendente e quase ligeiro, mas a conversa foi
muito boa.
Hoje acordei com neve e um
encontro com uma responsável da Heinz Endowments (sim, o ketchup), uma fundação
que é um dos pilares da filantropia de Pittsburgh. A instituição tem uma ‘task
force’ para a educação de rapazes e homens afroamericanos e ao saber disso antecipei.
Também porque conheço a determinação das raparigas em ambientes adversos, sei o
que elas fazem com uma quantidade às vezes residual de coisas a seu favor, tendo
acesso à educação.
Aqui, os melhores resultados escolares
são obtidos por raparigas brancas, o segundo lugar é disputado pelos rapazes
brancos e as raparigas afroamericanas e muito depois, muito mais abaixo, surgem
os rapazes afroamericanos. Não é sempre assim ao longo do caminho, diz-me a responsável
pelos programas de liderença para rapazes e homens afroamericanos. Nos primeiros anos, eles
levantam tanto o braço na aula como elas.
A Heinz Endowments estudou a perceção
dos homens afroamericanos nos media de Pittsburgh. São notícia pelo desporto e
quando praticam crimes. Não se pode ser o que não se vê, dizem-me. E agora é
tentar imaginar o que significa ver um presidente afroamericano.
Os rapazes afroamericanos sofrem
maior pressão dos pares e têm menos opções de identidade. A imagem das opções expandiu-se, mas eles ainda aspiram sobretudo ser 'rappers' e desportistas. A educação
raramente é o bilhete. Pedem-lhes que sejam fortes. E eles sucumbem.
Às vezes, é preciso estar mais perto para ver o grande plano.
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